RIO DE JANEIRO, ANALFABETISMO ZERO
Uma proposta de Emir Sader.
A superação da miséria no Brasil – objetivo fundamental do governo Lula – tem que representar a superação da miséria material, mas também da miséria espiritual. Nada representa melhor esta do que o analfabetismo, a incapacidade de sequer poder ler.
O próximo governo tem que se colocar como um de seus objetivos centrais o fim do analfabetismo. Esse objetivo tem que ser conseguido com a mobilização de todas as forças democráticas e populares da sociedade brasileira.
O Rio de Janeiro deve dar um passo à frente, servir como exemplo, elaborando desde já um plano concreto para atingir a meta de ser o primeiro território brasileiro livre do analfabetismo em 2014. O Rio conta com recursos humanos para isso: a Fundação Darci Ribeiro, o Instituto Paulo Freire, as associações de professores, as organizações estudantis, coordenados pelo Ministério da Educação e pelas Secretarias Estadual e Minicipais de Educação do Rio de Janeiro.
O Rio tem plena capacidade de realizar esse objetivo. Não é possível que a capital cultural do Brasil continue convivendo com o analfabetismo, com a incapacidade de centenas de milhares de pessoas de ler, de ter acesso mínimo ao conhecimento.
Que esta eleição sirva para comprometer a todos os que realmente privilegiam a educação popular com o objetivo do ANALFABETISMO ZERO NO RIO DE JANEIRO.
É preciso convocar a todos – pedagogos, centros de cultura popular, movimento estudantil, governos municipais – para um grande mutirão que fará com que o rio chegue ao final dos mandatos que elegemos agora, ao Campeonato Mundial de Futebol como TERRITÓRIO LIVRE DE ANALFABETISMO.
segunda-feira, 16 de maio de 2011
3% dos analfabetos fora da idade escolar frequentaram uma sala de aula em 2008
HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA
Quando se fala em analfabetismo no Brasil, é preciso antes de mais nada distinguir passado e futuro.
Enquanto a taxa de iletrados é de 13,27% entre as pessoas com mais de 30 anos, ela fica em mais modestos 3,22% para a população entre 10 e 29 anos, de acordo com os dados do Censo 2010.
Isso significa que índices de quase 10% são basicamente um problema do passado. Se o Brasil não fizer nada em favor dessa população e apenas deixar o tempo passar, o analfabetismo já cairá.
Vai levar ainda algumas décadas, porque a expectativa de vida (inclusive a dos mais pobres) tem aumentado ao longo dos últimos anos, mas essas taxas relativamente altas de iletrados têm prazo de validade para acabar.
Poderíamos, é claro, em nome da cidadania, catalisar esse processo investindo em programas de alfabetização para os adultos.
O problema aqui é principalmente a falta de interesse dos supostos interessados. Só 3% dos analfabetos fora da idade escolar frequentaram uma sala de aula em 2008, segundo a Pnad.
De algum modo, eles parecem estar sobrevivendo relativamente bem mesmo sem saber ler e escrever. Seria interessante investigar quais as causas da baixa procura pelos cursos, além, é claro, de sua ineficácia e das conhecidas dificuldades de acesso.
Para o futuro, entretanto, o que importa é olhar para as taxas de analfabetismo entre os mais jovens. E a situação neste caso não enseja comemorações.
Os 3,22% registrados na faixa entre 10 e 29 preocupam. Pior ainda quando se considera que, entre os 10 e os 14 anos, o índice sobe para 3,91%. Isso significa que a escola está ensinando a ler muito tarde e muito mal.
Não haveria, em princípio, nenhum motivo para não conseguirmos proporções inferiores a 1% nessa faixa, como ocorre em países do primeiro mundo. Em teoria, apenas crianças com algum problema neurológico grave não aprendem a ler.
Para tornar o quadro um pouco mais sombrio, vale lembrar que não estamos aqui falando de vencer o analfabetismo funcional, que implica atingir um nível de leitura e escrita adequado às necessidades do indivíduo, mas de derrotar o analfabetismo absoluto, para o que basta ser capaz de decodificar um bilhete com meia dúzia de palavras simples.
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